A fábula do porco espinho

Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.

Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram juntar-se em grupos pois assim agasalhavam-se e protegiam-se mutuamente. Contudo, havia um problema pois os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam maior calor. Por isso, decidiram afastar-se uns dos outros e voltaram a morrer congelados.

Então precisavam fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.

Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro. E assim sobreviveram!

O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro e consegue valorizar as suas qualidades.


Autor desconhecido 


Muita luz pra você!

Ana 

O bigode do Tigre

Uma jovem mulher, Yun Ok, foi até ao célebre monge da montanha.

- Ó respeitável sábio - disse ela. - Estou em dificuldades! Faça-me uma poção.

- Tudo bem - disse o sábio. - Qual é sua história?
- É o meu marido. Nos últimos anos, ele esteve ausente, lutando numa guerra. Agora que voltou, quase não fala comigo. Se falo, ele parece não ouvir. Quando abre a boca para falar, é rude. Se lhe sirvo comida, ele não gosta; empurra o prato para o lado e sai da mesa, raivoso. Preciso de uma poção para que ele volte a ser amoroso e carinhoso!
O sábio respondeu:
- Tenho a receita. Mas o ingrediente essencial é o bigode de um tigre vivo.
- O bigode de um tigre vivo! - Disse a moça. - Como vou conseguir isso?
- Se a poção for realmente importante para você, então você terá êxito - respondeu o monge.

A moça foi para casa. Naquela noite, enquanto o marido dormia, saiu furtivamente com uma tigela de arroz e um naco de carne. Chegou a uma prudente distância da caverna de um tigre, estendeu a comida e o chamou para comer. O tigre não veio. Na noite seguinte, fez a mesma coisa, desta vez mais perto da caverna. De novo, nada aconteceu. Todas as noites ela ia à caverna, cada vez se aproximando mais. Pouco a pouco, o tigre acostumou-se com ela. Certa noite, chegou a uma distância da qual se poderia atirar uma pedra na caverna e parou. A moça e o tigre fitaram-se sob a luz da lua. Na noite seguinte, ela se aproximou ainda mais, a ponto de estar tão próxima que poderia falar com o tigre com uma voz muito suave. Pouco depois, o tigre comeu a comida oferecida.


Na outra noite, o tigre a esperava. Depois que ele comeu, ela passou a mão sobre sua cabeça, e ele começou a ronronar. Seis meses tinham passado desde a noite da primeira visita. Finalmente, depois de tê-lo acariciado na cabeça, ela disse: "Ó generoso Tigre, preciso de um dos seus bigodes. Por favor, não se zangue comigo!". E ela cortou um dos bigodes. O tigre não se zangou, e lambeu-a. Ela correu disparada, com o bigode nas mãos. Exultante, chegou à caverna do eremita: "Ó grande sábio, consegui o bigode do tigre! Agora você pode fazer a poção mágica!". O sábio examinou o bigode cuidadosamente, satisfeito, porque era mesmo de tigre, e jogou-o na fogueira.


- O que você fez? - Gritou a moça. - Depois de todo o esforço que eu fiz para conseguir o bigode!

- Conte-me como você o conseguiu - pediu o sábio.
- Todas as noites, eu ia à caverna do tigre com uma tigela de comida, para ganhar a sua confiança. Falava docemente com ele, para fazê-lo compreender que só queria o seu bem. Fui paciente. Cada noite, levava comida sabendo que ele não a comeria. Mas não desisti. Nunca falei asperamente, nem o censurei. Finalmente, numa noite, ele andou alguns passos em minha direção. Nas noites seguintes, ele já estava à minha espera e comia mesmo da tigela. Passei a mão na sua cabeça e ele começou a ronronar. Foi aí que consegui cortar o bigode dele.
- Você domesticou o tigre com a sua persistência e amor - disse o sábio.
- Mas você jogou o bigode do tigre no fogo! Foi tudo a troco de nada! - Lamentou-se ela.
- Não, não foi tudo a troco de nada. Você não precisa mais do bigode. Será que o seu marido é mais feroz que um tigre? Será que ele é menos sensível ao carinho e à compreensão? Se você foi capaz de ganhar a confiança de um animal selvagem e sedento de sangue, usando suavidade e paciência, certamente poderá fazer o mesmo com o seu marido!

Yun Ok permaneceu emudecida por alguns momentos. Então despediu-se, agradecendo, e foi-se embora, refletindo sobre a grande verdade que havia aprendido do sábio da montanha.


MORAL DA HISTÓRIA:

O segredo para lidar com pessoas difíceis é não morder a isca da negatividade delas e deixar que elas mordam a isca de um coração empático e cheio de amor.


Fonte
: Susan Andrews, psicóloga e monja iogue. Texto publicado na coluna Sua Vida, da Revista Época.
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